Andressa Soares
A primeira
vez que ela disse para mãe que queria ser "mulher de revista", pegou
uma surra de cinturão. Então não tinha consciência da hipocrisia humana. Quando
cresceu um pouquinho mais, disse às amigas o quanto queria ser "mulher de
revista".
_Tu quer
ser puta, é? _zombaram dela.
Nas aulas
de catecismo, a professora deixava claro que ser mulher de revista era viver em
pecado, contra lei de Deus. Mulheres que levavam essa vida, com certeza, íam
para o Inferno. E continuou assim na perseverança e nas aulas de crisma.
Na escola, professores e professoras falavam do problema da prostituição, de
como era humilhante as mulheres venderem o corpo e de como as mulheres de
revista lá estavam porque eram burras e vulgares.
_Tá
vendo, Larissa! Quer ser mulher de revista? _castigavam as colegas.
Foi
quando começou a namorar e o namorado foi categórico:
_Mulher
minha não posa em revista nem a caralho!
O namoro
acabou ali mesmo. Mas ela se sentiu culpada e foi procurar o padre. Este lhe
disse:
_Minha
filha, você tem de casar, ter seu marido, sua família, seus filhos...
Porém,
com quem ela ia casar? Com o grosso do ex-namorado? Continuou encucada e
procurou um psicólogo. Este falou mil coisas complexas de Freud a Jung, passando
por Reich, repetiu um monte de coisas que sua ex-professora de psicologia
falava no colégio e por fim arrematou:
_Você tem que transar!
O psicólogo foi maravilhoso com ela no divã, tirou suas roupas com a mesma sensibilidade com que tirou sua virgindade. E ainda a fez gozar em várias posições: papai-e-mamãe, cachorrinho, cavalinho. Por fim, ainda a desvirginou por trás. Mas a idéia, ao invés de passar, aumentou. Pensou consigo que talvez fosse melhor procurar uma psicóloga. Uma mulher, com certeza, teria a melhor resposta para ela. Procurou sua ex-professora de psicologia, que também era psicóloga e tinha um consultório. Contou a ela tudo! Desde a infância até a tarde com o psicólogo. Ela então arrematou:
_Você tem que transar!
O psicólogo foi maravilhoso com ela no divã, tirou suas roupas com a mesma sensibilidade com que tirou sua virgindade. E ainda a fez gozar em várias posições: papai-e-mamãe, cachorrinho, cavalinho. Por fim, ainda a desvirginou por trás. Mas a idéia, ao invés de passar, aumentou. Pensou consigo que talvez fosse melhor procurar uma psicóloga. Uma mulher, com certeza, teria a melhor resposta para ela. Procurou sua ex-professora de psicologia, que também era psicóloga e tinha um consultório. Contou a ela tudo! Desde a infância até a tarde com o psicólogo. Ela então arrematou:
_Você
precisa de alguém que lhe compreenda!...
A
professora foi mais maravilhosa ainda do que o psicólogo: tirou suas roupas com
delicadeza e a chupou e lambeu todinha, em várias e várias posições. A fez
gozar quatro vezes: a primeira arreganhando-a e chupando-a pela frente, a
segunda chupando-a de quatro, a terceira fazendo-a sentar-se sobre seu rosto e
a quarta e última deitando sobre ela e esfregando sua boceta contra a dela. O
popular velcro.
A partir
daí a ideia não mais cresceu... criou raízes! E agora?!... Um belo dia, uma
amiga falou que ela poderia fazer um teste para uma agência de modelos. Os
veados a acharam gorda, mas um fotógrafo lhe procurou:
_Quer
fazer um teste para posar na revista em que eu trabalho?
_É
revista de moda?
_Não, é
revista masculina...
Ela ainda hesitou por um instante, mas acabou por ser fiel ao seu coração e aceitou a proposta. A revista também a aceitou. Houve briga em casa, com os pais, a maioria das amigas deixou de falar com ela, o reitor da universidade "pediu gentilmente" para que ela se retirasse de lá. Os professores a condenaram com palavras pesarosas e olhares de censura. Muitos repetiam a velha frase hipócrita: "_Mas se é isso que você quer, vá fundo!" _sempre com aquele semblante reprovativo de quem, por dentro, na verdade diz: "_Que pena! Você não sabe o que está fazendo de sua vida!".
Mas a revista saiu e Larissa foi um sucesso. Mesmo sem ter saído na capa. Por conta disso, foi convidada para outros ensaios, naquela e em outras revistas. A grana começou a entrar e ela saiu de casa, até para fugir dos queixumes moralistas de seus pais.
Ela ainda hesitou por um instante, mas acabou por ser fiel ao seu coração e aceitou a proposta. A revista também a aceitou. Houve briga em casa, com os pais, a maioria das amigas deixou de falar com ela, o reitor da universidade "pediu gentilmente" para que ela se retirasse de lá. Os professores a condenaram com palavras pesarosas e olhares de censura. Muitos repetiam a velha frase hipócrita: "_Mas se é isso que você quer, vá fundo!" _sempre com aquele semblante reprovativo de quem, por dentro, na verdade diz: "_Que pena! Você não sabe o que está fazendo de sua vida!".
Mas a revista saiu e Larissa foi um sucesso. Mesmo sem ter saído na capa. Por conta disso, foi convidada para outros ensaios, naquela e em outras revistas. A grana começou a entrar e ela saiu de casa, até para fugir dos queixumes moralistas de seus pais.
Foi
quando começou a fazer ensaios bem mais ousados, em que se mostrava sem nenhum
pudor. Agora aparecia na capa e até em edições especiais, feitas só para ela.
Choveram convites para festas, bailes e formaturas. Não tardaram a aparecer
propostas de empresários para encontros íntimos, com ofertas generosas tanto em
dinheiro, quanto em presentes. No início ela educadamente recusava. Mas como a
riqueza e a gentileza também seduzem, ela acabou por se tornar especialista em
"gerontosexologia", fazer sexo com homens idosos. Ela até preferia
eles aos mais jovens, pois eram cavalheiros e bons de língua. Aliás, adorava
sexo oral, além da sensação maravilhosa, se sentia deliciosa ao ser chupada.
Por gostar demais disso, também tinha uma preferência toda especial por
lésbicas e mulheres bi, que a procuravam muito. Não era lésbica, mas adorava
ser comida por uma. Ainda mais ganhando para isso. Estes encontros, porém,
ocorriam longe dos holofotes e das câmeras fotográficas. O que aparecia nas
revistas de fofoca eram seus namoros com cantores populares, jogadores de
futebol e atores de novela.
Já estava
morando sozinha há quatro anos quando seus pais se reaproximaram. Assim como
seu ex-namorado e as amigas. Vinham todos com uma fala gentil, pedindo
desculpas, pedindo para voltar, elogiando seu flat, seu carro e,
é claro, pedindo uma ajudinha para colocar sua irmã na faculdade particular,
para pagar as últimas parcelas do carro, para ajudar no enxoval do casamento e,
pasmem, até para ajudar na reforma da igreja! Isso sem falar em antigos
professores, que apareciam do nada, com mil mãos e abraços muito calorosos para
cima dela. Até o próprio reitor da universidade veio pessoalmente procurá-la,
para que participasse de uma palestra de sociologia, onde contaria sua
experiência como "mulher de revista". A cada um deles ela
respondeu...
Aos pais:
_Manda a Marisa estudar! Pra ela não ser uma mulher de revista que nem eu!
Aliás, mamãe, por que a senhora nunca deu uma surra nela por ela ser burra e
preguiçosa?
Ao ex: _Que eu saiba, "mulher sua", jamais posaria em revista!
Ao ex: _Que eu saiba, "mulher sua", jamais posaria em revista!
Às
amigas: _Você quer receber dinheiro de uma mulher de revista? O que seu noivo
vai pensar? Serei exemplo para sua filha?
Ao padre
e à antiga professora de catequese: _Vocês querem colocar a igreja em pecado?
Eu não sou uma mulher de revista?
Aos
antigos professores: _Por que você não vai tirar casquinha da sua mãe, que era
uma santa!
Ao reitor: _Por que o senhor me quer na sua universidade? Não sou um problema social? O senhor não me pediu tão gentilmente para sair de lá?
Ao reitor: _Por que o senhor me quer na sua universidade? Não sou um problema social? O senhor não me pediu tão gentilmente para sair de lá?
Não
desembolsou nada! Para nenhum deles. A família a chamou de ingrata, o ex saiu
dizendo para todo mundo que o sucesso lhe subira á cabeça, as amigas a chamaram
de puta, a igreja a excomungou, assim como o reitor abriu um simpósio para que
especialistas discutissem sobre o "problema da prostituição". Seus
ex-professores participaram em peso. E o mundo continuou assim, mantendo sua
moral, enquanto não abocanhava sua pensão, sua mesada, seu favor, seu dízimo,
sua verba. Na mais santa prostituição que existe.
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